Este é o último artigo referente à transformação da nossa Iveco 30.8 numa casa sobre rodas. Vamos mostrar o resultado final e falar um pouco do projecto no geral, assim como a nossa opinião do mesmo, o que tínhamos feito diferente, prós e contras.
Escrevemos este texto quase um ano depois de termos tornado a carrinha ‘habitável’ e de um de nós ter vivido nela praticamente em full-time durante 9 meses, pelo que temos a nossa opinião mais que formada em relação à carrinha/transformação.
Antes de mais, temos que dizer que termos decidido fazer esta carrinha foi sem dúvida uma das melhores coisas que fizemos nos últimos tempos, foi uma experiência muito positiva em vários aspectos.
O primeiro aspecto positivo, e para nós o mais importante é o de realização pessoal. Comprar a carrinha e torná-la autocaravana, onde fazemos tudo o que fazemos numa casa normal e acima de tudo, sentir-nos em casa em algo que fomos nós que construímos, é sem dúvida um sentimento especial e difícil de igualar.
Aprendemos muito durante a transformação, éramos completamente leigos na matéria e embora tenhamos um espírito pró-activo nunca tínhamos explorado esta vertente de trabalhos manuais com ferramentas, sendo que todo este processo ensinou-nos bastante e motivou-nos para começar a fazer outras coisas.
O facto de sermos nós a fazer tudo dá-nos uma independência muito grande no que toca a problemas futuros, pois sabemos montar e desmontar tudo, o que faz com que não precisemos de pagar a ninguém quando for preciso trocar peças, problemas eléctricos, infiltrações… Sobretudo porque o nossos sistemas ( água, luz, gás) foram efectuados de um modo bastante simples e de fácil resolução.
Quando fizemos a viagem de 9 meses pela europa de Autocaravana tivemos um problema eléctrico, que demorou 7h a resolver, fomos a 2 oficinas, a um especialista na marca Bürstner e gastámos 280€ – isto nunca nos ia acontecer com esta carrinha por exemplo.
Outro ponto muito positivo em termos feito a carrinha foi podermos escolher a disposição do interior e fazer as coisas de maneira a ir ao encontro das nossas necessidades, nisto ajudou muito termos vivido 9 meses na autocaravana, porque tínhamos a noção do que queríamos mesmo nesta carrinha e o que podíamos evitar.
Conseguimos 3 coisas que eram indispensáveis para nós, termos um forno, uma cama de rede e espaço interior. Para isto ajudou muito termos desenhado a carrinha para duas pessoas, com a possibilidade de poder viajar mais uma pessoa e dormir no chão completamente esticada e comer na mesa, pelo que no futuro pode servir para um casal e um filho por exemplo.
Algo engraçado em relação a esta transformação, é que, até ver é única. Das centenas de fotografias de carrinhas transformadas que já vimos, nunca vimos nenhuma com um interior igual a este.
Quando se faz algo deste género e sobretudo pela primeira vez é normal haver coisas que fizéssemos de maneira diferente, e mesmo gostando muito da carrinha, se pud€ssemos, trocávamos já por uma maior. Aqui fica o que tínhamos alterado:
A primeira coisa, era termos comprado no inicio de tudo uma mesa de corte. Nós fizemos tudo na rua, à porta da nossa garagem, numa mesa manca, num chão desnivelado, pelo que isso teve uma influencia quando queríamos que as madeiras ficassem o mais direito possível. Isto aconteceu sobretudo no inicio quando ainda não tínhamos muita destreza com as ferramentas, o que fez com que no final tivéssemos que trocar alguns lambrins para ficar com melhor aspecto.
Tínhamos cortado logo a divisão da frente. No inicio não tiramos a chapa que divide a cabine da caixa, porque ainda não tínhamos feito a legalização e não sabíamos ao certo sequer se a íamos tirar, quando o fizemos já tínhamos a carrinha praticamente feita e foi uma grande missão cortar a chapa sem tentar incendiar/marcar a carrinha com as fagulhas da rebarbadora. Para além disso tivemos que cortar pelo lado do condutor o que tornou muito complicado fazer um corte certo.
Tínhamos feito um investimento maior nas clarabóias. Quando comprámos as clarabóias foram as mais baratas, ou seja são as mais simples e nem podemos recolher a rede mosquiteira. Actualmente teríamos comprado uma melhorzinha, até porque se já gastámos 8500€, não era por mais 60€ – em algo que é usado muito frequentemente.
O peso
Por último temos a questão do peso, a nossa carrinha está no limite do peso e no inicio simplesmente nem pensámos nisso, até que começámos a fazer as contas e supostamente só podíamos colocar uns 300 e tal kg – se pensarmos em gás, água, madeiras.. acaba por ser pouco.
Neste momento ela passa na inspeção se tirarmos tudo o que se pode tirar facilmente, incluindo pneu suplente, garrafa do gás, bateria da célula (17kg) e com pouco gasóleo. Se nos mandarem parar e tivermos tudo, incluindo deposito da água cheio, excedemos o peso, mas sinceramente as possibilidades de termos problemas com isto são quase nulas.
Isto para dizer que embora não fosse uma possibilidade comprarmos outra carrinha ( com rodado duplo = mais carga) porque eram mais caras e porque consomem mais gasóleo, que para nós é um factor importante porque não queremos passar muito dos 10L/100km, teríamos pelo menos pensado no assunto antes.
Se quisermos ter grelha no tejadilho, um porta-motas, porta-bicicletas.. simplesmente não é possível, o que é um aspecto negativo.
Prós e Contras
Muita gente pergunta o que é que é melhor, uma carrinha destas transformadas ou uma autocaravana convencional.amos deixar aqui o que na nossa opinião são os prós e os contras de uma transformação deste género.
Prós
- Como já dissemos em cima, poderem fazer as coisas tal e qual ao vosso gosto e o desenvolvimento de capacidades manuais.
- O material vai ser todo novo, numa autocaravana da mesma gama de preços (10 000€), o mais provável é ter no mínimo 25 anos, ou seja um grande potencial de infiltrações nas janelas/clarabóia, ter o frigorífico, bomba de água, lava-louça, casa de banho já velhos/as e a precisar de troca/reparações…
- A identidade, a nossa carrinha tem ‘identidade’, é acolhedora, algo que falta a algumas autocaravanas por serem demasiado ‘standards’ ou por terem sido ‘mal-reparadas’.
- As portas. Uma das granes vantagens desta carrinha, é podermos abrir as duas portas de trás e a do lado e assim estarmos mais em contacto com o exterior, bem como a possibilidade de estar ‘dentro da carrinha, mas ao mesmo tempo “lá fora”.
- Personalização. É nos muito mais fácil por exemplo fazer um furo para colocar um quadro, sabendo que podemos trocar a madeira se quisermos. Numa autocaravana, furos e marcas, tornam-se muito mais permanentes e qualquer bricolage salta mais à vista.
Contras
- Serem vocês próprios a fazer a carrinha, vai fazer com que no íncio hajam alguns retoques e adaptações a fazer. No nosso caso aconteceu-nos algumas pequenas fugas de água, mas nada que não se resolve-se e hoje em dia estamos à meses sem ter de dar nenhum retoque na carrinha.
- Lugares de viagem, numa autocaravana convencional tem-se a partida no minimo 5 lugares de viagem. Também é possível fazer uma transformação e aumentar o numero de lugares,mas optámos por não o fazer.
- O preço. Ou tentam fazer algo com um aspecto ‘limpo’, com material de qualidade e de preferência com projecto de legalização feito e aprovado, ou correm o risco de não ter no futuro compradores dispostos a pagar o que gastaram na carrinha.
- O tempo. Para quem trabalha, fazer um projecto como este, pode levar vários meses..
- A grande vantagem para nós de uma autocaravana (capuccine) para uma carrinha destas, é o facto de poder ter uma cama em cima dos lugares do condutor e do pendura, o que poupa muito espaço, e torna a autocaravana mais ampla. ( algo que no nosso caso conseguimos contornar, em direcionar a carrinha para duas pessoas, e conseguindo assim ter bastante espaço no interior).
- Uma autocaravana em bom estado, é provavelmente mais fácil de vender.
Resultado final
Quando se incia um projecto destes é complicado dizer que está acabado, pois parece que há sempre alguma coisa que queremos fazer/melhorar, mas neste momento temos a carrinha praticamente feita, aqui ficam as fotos do resultado final.
Considerações finais
Para finalizar gostávamos de dizer que fazer algo deste género, em especial a primeira vez, dá trabalho, muito trabalho, mas a verdade é que está ao alcance de todos, basta haver predisposição e vontade para tal. Vai haver dias em que parece que as horas passam e não fazem nada, mas com o tempo as coisas vão se compondo. Ninguem nasce ensinado, as coisas aprendem-se e no que toca a fazer algo deste genero, não é preciso ser especialista em nada.
Não é preciso fazer algo tão elaborado para experienciar o prazer que viajar destas forma nos dá. É possível com pouco dinheiro fazer uma coisa engraçada, que possibilite passar uns dias a passear confortavelmente.
No inicio não sabíamos se valia a pena ter o trabalho de fazer estes artigos e colocá-los no site, mas depois de começarmos a receber mensagens de pessoas a dizerem que fomos o que lhes faltava para iniciarem um projecto destes e verem este nosso ‘trabalho’ como um exemplo, encheu-nos de orgulho.
Esperamos sinceramente que estes artigos sejam úteis e que funcionem como mais uma fonte de informação para quem queira fazer algo do género.
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