Transformação da Carrinha #10 -O revestimento em madeira, janelas e claraboias

time to pay your taxes (5)

Neste artigo vamos abordar a parte do revestimento em madeira na nossa transformação da carrinha, da divisão da cabine com a parte da frente, as janelas e as clarabóias.

Revestimento em lambrim

Sempre que imaginamos a nossa carrinha, imaginamo-la revestida com lambrim (ripas de madeira que encaixam), torna o sitio mais acolhedor e com o verniz a realçar a madeira e  os seus ”nó’s” dá um resultado final muito natural.  Podíamos ter colocado painéis de madeira, mas não gostamos tanto do aspecto final. 

A maior dificuldade que tivemos foi sem dúvida causada pelas curvaturas da carrinha, que tornam muito complicado manter as linhas direitas. Para conseguirmos ter uma maior área possível dentro da carrinha fizemos o revestimento de maneira a por vezes acompanhar as formas da carrinha. 

Se por exemplo tivéssemos simplesmente posto ripas verticais e horizontais presas aos pilares mais saídos da estrutura tinha sido muito mais fácil, especialmente de ter as coisas direitas, mas iríamos sacrificar espaço importante quando queremos as coisas o mais amplas possíveis.

A primeira parte que fizemos do revestimento foi a parte da cama, isto porque para ganhar algum espaço em largura colocámos o revestimento mais perto da chapa.

Para isso usámos placas de lã rocha que são mais finas do que o XPS e conseguimos logo ai ganhar 5 centímetros de cada lado, que no final dá 10 centímetros, o que faz a diferença.

Há pessoas que revestem logo a carrinha toda, e depois é que avançam para a estrutura do interior, em vez disso optámos por ir fazer pouco a pouco e acabou por resultar bem.

Se tivéssemos transformado por exemplo uma carrinha com caixa isotérmica (frigorífica), tínhamos aplicado logo o lambrim todo, mas como a carrinha tem as tais saliências, acabámos por fazer desta maneira e correu bem.

Depois das laterais fomos avançando para o tecto. Optámos por prender o lambrim com parafusos finos, em vez dos clips próprios, pois estes clips são presos com pregos que com a vibração iam ter tendência a sair.

Os lambrim’s encaixam todos uns nos outros, mas obviamente não dá para fazer um seguimento continuo de lambrins, primeiro porque não dá o cumprimento certo e porque na passagem do tecto para a lateral não é possível encaixá-los, sendo necessário prendê-los da melhor forma possível. 

O que fizemos foi encaixar o lambrim no lambrim que vem da lateral e aparafusá-lo ao do tecto.

Quando se coloca os lambris é importante tentar juntá-los bem e colocá-los direitos pois basta estarem um pouco tortos que vai influenciar os outros todos e dar um efeito ”torto” ao resultado final.

Na zona da claraboia foi um pouco mais complicado porque a nossa carrinha não tinha muitas barras no tecto, o que fez com que não tivéssemos muitos sítios onde aparafusar os lambrins, no final acabámos por usar a própria clarabóia para prender os lambrins de um lado dos lados e ficou tudo bem.

Como tempo eles vão ganhando a forma do tecto e hoje em dia podemos tirar a clarabóia que os lambrins não se mexem.

Para aparafusar o lambrim à estrutura metálica tivemos primeiro de aparafusar uma ripa de madeira para ser mais fácil na altura de colocar o parafuso.

As luzes fomos colocando ao mesmo tempo que íamos pondo os lambrins. Depois o que tivemos que fazer foi acrescentar um pouco de fio para eles chegarem ao sitio do sistema eléctrico.

Fomos repetindo o processo até termos a carrinha toda revestida, incluindo as portas.

A parte mais complicadas do revestimento em lambrim, foram as zonas das janelas, pois primeiro elas são redondas nos cantos e depois estão presas na chapa, o que faz com que seja necessário fazer um género de altura em madeira porque o lambrim não assenta na chapa, assenta uns centímetros para dentro.

O que fizemos primeiro foi cortar um contraplacado com o formato da janela para não se ver chapa nenhuma e dar um contorno em madeira.

Esta parte não foi muito fácil, porque fazer o contorno da janela com ela já posta num bocado de madeira de maneira a que encaixe justo, é complicado. Por isso foram precisas algumas tentativas mas no final conseguimos.

Em seguida para fixarmos esta parte de madeira usámos primeiro cola tudo, para ficar fixa à chapa e depois, para ficar realmente fixa, fizemos um género de contornos com madeira ( para também chegarmos à altura do revestimento em lambrim), que aparafusámos a esta placa de madeira e à estrutura da carrinha, ficando no final tudo preso.

No final aplicámos o verniz. Estávamos um pouco indecisos e acabámos por comprar alguns para experimentar, desde acetinados, brilhantes, com cor… até que escolhemos usar um brilhante de alta protecção.

Esta parte acaba por ficar ao critério e ao gosto de cada um obviamente, no entanto uma coisa é certa, vernizes mais escuros vão ”encolher” o espaço, e convém que o verniz seja um verniz resistente à humidade, antifúngico e resistente aos raios UV.

Embora o verniz que usámos seja ”incolor” deu um tom brilhante e mais dourado à madeira, fazendo sobressair os nós e realçar o efeito de madeira. Gostámos muito do resultado final.

Janelas

As janelas e as clarabóias foram das primeiras coisas que fizemos, pois precisávamos delas para avançar no resto da carrinha. As janelas para autocaravanas podem ser de abrir para o lado como as nossas; projectáveis ou seja aquelas que abrem para fora ou por último, fixas.

As janelas melhores na nossa opinião são as que abrem para fora (projectáveis), porque oferecem a possibilidade de termos a área toda da janela livre, enquanto as outras apenas se podem abrir metade e porque normalmente vêm com estore e cortina para insectos. A grande desvantagem deste tipo de janelas é o preço, pois são muito mais caras que as que nós comprámos (abrir para o lado). 

Se tivéssemos optado por este tipo de janelas tínhamos gasto mais bem de 1000€, ao contrário dos 400€ que gastámos.

Estas janelas tem alguns pontos positivos, pois podemos deixá-las abertas durante a viagem e podemos abri-las em qualquer sitio. Se quisermos ser discretos é uma vantagem.

No final fizemos 3 janelas, uma na zona da cama, uma ao pé da mesa e outra na cozinha. Na nossa opinião são 3 ”sítios chave” para ter janelas numa autocaravana. No geral servem sobretudo para a circulação de ar e para a entrada de luz. No final acabámos por ficar com a luminosidade que queríamos.

É importante referir que quantas mais janelas mais perdas de calor e mais hipóteses de entradas do amigo do alheio, para além de que fazer uma janela numa carrinha de mercadorias é uma alteração da estrutura o que pela lei em vigor implica uma legalização. Para nós uma carrinha sem janelas simplesmente nem era uma opção.

Clarabóia

Quando iniciamos a transformação não tínhamos experiência nenhuma a manejar as ferramentas e por as janelas/clarabóias serem algo definitivo e que mal feitas podem originar problemas com infiltrações no futuro, decidimos fazê-las num profissional. O valor das janelas mais montagem acabou por ficar muito bom em comparação apenas com os preços das janelas vendias noutros lados.

Fizemos as janelas e as claraboias na CampersLife Gaspar

Na próxima transformação vamos ser nós a fazer as janelas e as claraboias, basta medir com precisão o sitio e cortar com mão firme usando um ”tico-tico” adequado.  É importante escolher bem o sitio das janelas e não passar por cima dos relevos da carrinha.

O processo de colocar as claraboias é semelhante ao das janelas, ou seja medir duas vezes e cortar uma. Usar o tico-tico e colocar silicone cola e veda.

Nós temos duas claraboias, uma na zona da cozinha e outra na casa de banho. Na casa de banho o facto de termos uma clarabóia fez com que não tivéssemos de colocar uma janela e um extractor, pois com a clarabóia a humidade dos banhos tem onde sair e a luz tem onde entrar. Vê aqui como fizemos a casa de banho.

Por fim falta dizer que existem vários tipos de clarabóias, com vários tamanhos. As melhores na nossa opinião são as que tem ventoinha porque fazem de exaustor o que deve dar muito jeito quando se cozinha na carrinha e quando está muito calor, o problema é que custam no mínimo 200 €, as intermédias são aquelas que tem estore e rede mosqueteira amovíveis, e por fim existem as que nós comprámos que são as mais simples e que a rede mosquiteira não mexe.

Divisão da cabine com a célula

Este artigo vai ser actualizado no inicio de 2019, assim que fizermos a divisão da cabine.

Preços dos Materiais

  • Pack Lambrim x 12 = 140 €
  • Contraplacado 1220×60 x 3 =28 €
  • Janela 800×450 x 2 = 310 €
  • Janela 600 x 300 = 150 €
  • Clarabóias 400×400 x 2 = 150 €
  • Parafusos = 5 €
  • Madeiras variadas = 30 €
  • Silicone/cola = 20 €
  • Total = 683 €

Outros Artigos da transformação

Outros Artigos

se tiveres alguma dúvida, ou quiseres colocar alguma questão, é só deixar aqui um comentário ou enviar-nos um e-mail para worldonmyway@worldonmyway.com


9 thoughts on “Transformação da Carrinha #10 -O revestimento em madeira, janelas e claraboias”

  • Qual a vantagem de fazer transformação numa carrinha com caixa isotérmica (frigorífica), vejo algumas à venda mas nunca vi nenhuma transformada?

    • Boas João, as vantagens são várias e por acaso nós até tivemos a pensar comprar uma, mas era demasiado grande.
      As grandes vantagens é que já vem isolada e é recta, ou seja torna muito mais fácil a montagem do revestimento em madeira no interior. As carrinhas de caixa normal são curvas e estão cheias de ‘traves’ estruturais, o que complica um pouco.
      Desvantagens, são menos aerodinâmicas, ou seja vão gastar mais combustível. Na parte da legalização não sei bem como funciona, se quiseres ter lugares atrás sentados, tens de abrir uma passagem , o que é complicado porque a caixa nem sequer tem acesso directo para a frente. No caso de não quereres, penso que nao haja problema, mas tens que perguntar a alguém que trate desses assuntos !
      Boa sorte.

  • Boa noite.
    Eu e minha mulher compramos uma iveco do mesmo tamanho que a vossa mas o modelo anterior, de 1988. Está em óptimo estado, sempre com o mesmo dono, um vizinho nosso que sempre s estimou muito. Pretendemos transforma-se, nos próprios em AC.
    Estudamos com muito pormenor o vosso projeto, pelo que vos queremos dar os parabéns pelo trabalho que fizeram.
    Ainda não começamos mas, vamos fazer muito parecido com a vossa. Como a nossa utilização vai ser idêntica à vossa, gostaria de saber a vossa opinião, ou o que decidiram fazer em relação ao gás, qual a melhor solução e também a questão do aqueci mento, uma vez que pretendemos fazer a Europa e, como sabes o norte é frio.
    Obrigado pelas dicas e por terem sido uma inspiração para nos.

    Pedro Sequeira e Maria do Céu

    • Boas, muito obrigado !
      Olha em relação ao gás, tudo depende da utilização que dás.. Por exemplo se o frigorifico for elétrico o consumo reduz bastante.. nós gastamos umas 2/3 bilhas por ano apenas a fazer comer e a aquecer água pelo que numa viagem pela Europa acaba por não ser um problema.
      Se for para ficar por Portugal o aquecimento embora dê jeito é dispensável, mas a viajar muitos meses pela Europa acaba por ser necessário, porque se apanhares temperaturas negativas a Autocaravana fica muito fria..
      Neste momento não temos aquecimento, mas existem várias opções no mercado, é questão de veres a melhor opção (€€).
      oa sorte e boas viagens !

  • Olá.
    Parabéns 🙂
    Não sei se ainda andas por aqui… mas estou a transformar a minha carrinha e na parte das janelas está complicado , porque o engenheiro mecânico que vai tratar do processo diz que as mesmas têm que ter certificado de homologação. Eu liguei à camperslife (obrigada pelos contactos) e eles dizem que só têm estes certificados para as de acrilico, as mais caras. Como é que fizeste? Não era suposto conseguir fazer bem que fosse com uma janela em segunda mão e o engenheiro junto com o imt legalizaria ?

    Obrigada antes de mais,

    Andreia

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *