Marrocos | Fez – O que fazer/ver na maior medina do mundo
Antes de iniciarem a vossa visita por Fez (ou Fès em Francês), tenham em consideração que irão visitar uma das mais bem conservadas / melhores cidades medievais árabes do mundo, onde na parte antiga (Medina) ainda moram mais de 200 000 pessoas e onde existem 9,000 ruas (40,000 becos) , por isso preparem-se para se perderem.
A cidade de Fez, é a segunda maior cidade de Marrocos, com 1 100 000 habitantes, no entanto neste artigo vamos falar apenas de Fes el Bali que é a parte antiga da cidade ( construída nos sec. XIII- XIX D.C). Para além desta zona, a cidade conta tambem com a Ville Nouvelle, a parte nova, construída pelos franceses depois de 1912 e Fes el Djedid ”New Fes’‘, construída pelos Merenids em 1248 e é basicamente a cidade real.
Vimos bastantes turistas na Medina, muitos deles com guias. Estes guias acabam por ajudar muito a termos uma experiência um pouco mais ‘tranquila’ e organizada, porque eles conhecem a cidade o que vai fazer com que poupemos muito tempo e não andemos as voltas. Nós vimos guias à porta do Bab Boujeloud, e queriam nos cobrar 15 € por hora, o que não achamos muito ( não sabemos se eram guias oficiais).
Se como nós preferirem ter uma experiência mais independente, achamos quase que obrigatório comprar um guia (livro) para vos ajudar a navegar pela cidade a a absorverem a sua história.
A Medina
Como já dissemos a Medina de Fez é enorme e é por si só um grande motivo de interesse. A Medina é um emaranhado de milhares de ruas, onde muitas delas são residenciais, enquanto outras são ocupadas por lojas, artesãos, sítios para comer, mesquitas, algumas escolas e outros serviços.
Dentro da Medina não há grandes hotéis nem grandes prédios, a tipologia das casas é praticamente toda igual, prédios com 3/4 andares e casa pequenas no interior.
Conforme nos vamos perdendo na Medina vamos encontrando áreas onde se praticam certos ofícios e se vendem coisas muito especificas, por exemplo ruelas inteiras com lojas que só vendem linha, becos onde só se fazem tambores de pele… Vimos uma zona onde só se fazem carrinhos e vestidos de noivas entre outros exemplos.
Por toda a Medina, podemos encontrar talhos, restaurantes mais simples, pequenas lojas de conveniência…
Bab Boujeloud
Este é o principal portão de entrada da Medina. Nós não o sabíamos mas acabámos por deixar o carro num parque de estacionamento mesmo ao lado deste sítio, pelo que facilitou a nossa vida no inicio. A Medina é mesmo enorme, por isso se deixarem o carro num sitio principal acabam por poupar logo muito tempo. Pagámos 30 DH ( 3€) por dia . (34º03’40.0”N 4º59’07”W).
O portão assumiu este formato no inicio do séc XX quando os franceses decidiram que queriam uma entrada mais ornamentada para a cidade. Hoje em dia dá acesso a duas das principais ruas da Medina: Talâa Seghira e Talâa Kebira ( para uma melhor compreensão, vejam o mapa no final do artigo).
No interior do portão encontram-se alguns restaurantes, dos melhores que vimos na Medina, nós almoçámos em dois (10-13€), um deles ( La Kasbah de Fes) com uma vista muito boa sobre o portão e o minarete da Madrassa Bou Inania.
Talâa Seghira e Talâa Kebira
Estas são duas das principais ruas a Medina de Fez, e um óptimo ponto de referência quando estamos perdidos. Se estivermos um pouco mais desorientados é só descobrir o caminho para estas ruas e depois ir para onde queremos.
Estas ruas, começam na zona do Bab Boujeloud e vão até ao centro da Medina e a zona mais interessante para visitar ( no mapa é a área onde está a Madraça Attarine e o Dar Sefarrine)
No mapa acima a Rua Talâa Kebira é a de cima e a Talâa Sghira a de baixo. Sendo as ruas principais da Medina, são obviamente as mais movimentadas, quer pelos turistas quer pelos locais.
Existem centenas e centenas de lojas, a venderem muitos produtos diferentes, desde artigos em pele (puff’s, sapatos, casacos, carteiras…), recordações variadas, roupas… Os preços são bons comparando com o resto de Marrocos, é um bom sitio para perder um pouco a cabeça e encher a mala de recordações.
As tinturarias
As Tinturarias são uma das grandes atracções da cidade, são locais onde se faz a preparação da pele dos animais de maneira a esta poder ser usada como matéria-prima para os artesãos fazerem carteiras, malas, calçado, casacos, puffs e outros artigos…
As peles utilizadas são de cabra, vaca, ovelha e camelo, sendo a de cabra a que oferece melhor relação qualidade/preço. As tinturarias precisam de uma boa quantidade de água pelo que se encontram perto do curso de água que corre dentro da Medina ( Oued Bou Khrareb).
Como as tinturarias atraem muitos turistas, muitos dos terraços que envolvem as tinturarias fazem hoje em dia parte da lojas que vendem produtos de pele. A subida aos terraços é gratuita, no final eles esperam que provavelmente vocês comprem uma pequena recordação em pele, no pior das hipóteses pedem que paguem 1€, que foi o que nos aconteceu num dos que fomos, embora não sejamos obrigados a fazê-lo.
Não é assim tão fácil encontrar as tinturarias no meio do emaranhado de ruas da Medina, embora na zona onde elas se encontram hajam muitos homens que abordam os turistas a tentar leva-los para determinado terraço.
Conforme vamos passando algum tempo em Marrocos, vamos percebendo que as pessoas que nos abordam na rua esperam sempre dinheiro em troca das informações para chegarmos a onde queremos, neste caso se forem abordados por alguém digam logo no inicio que não vão dar dinheiro nenhum, se eles disserem que não há problema e apenas vos vão levar ao terraço de uma loja, vão, já sabem é que depois vos vão tentar vender algum produto.
Nós acabámos por ir a duas tinturarias (das 3 existentes na cidade), nas duas delas podemos ver o processo de tratamento das peles, prática que se mantém praticamente inalterada desde o séc XXII.
Chouwara
Esta é a maior tinturaria da cidade e por sua vez a mais conhecida. Aqui é possível ver o processo todo, desde a limpeza da pele passando pela imersão em água com excremento de pombo (reservatórios brancos), até às varias fases de tingimento da pele e secagem.
O cheiro não é assim tão mau quanto isso, a pior parte é onde estão os cocós de pombo ( e se tivermos num patamar baixo).
Sidi moussa
Esta foi a primeira tinturaria que fomos, pensávamos quer era a de Chouwara mas quando subimos vimos quer era mais pequena do que tínhamos visto nas fotos. Acaba por ser praticamente igual, apenas sem tantos turistas nos terraços e de menor dimensão.
Acaba por ser um pouco estranho, o cenário de ver dezenas de pessoas a trabalhar em condições que muitos considerariam pouco higiénicas e rudimentares e os turistas todos a tirar selfies ao lado, esperamos que o turismo tenha realmente um impacto positivo nestas pessoas e que possam beneficiar directamente dele.
Palais Mnebhi
Este foi o primeiro sitio onde entrámos na Medina, um palácio do século XIX que foi palco de alguns momentos importantes da história moderna marroquina, sendo mais importante a assinatura do tratado que tornou Marrocos um protectorado da França em 1912.
Hoje em dia é uma espécie de restaurante. E o que salta à vista é a atenção ao detalhe e a ornamentação das paredes, colunas e tectos das salas .
Tambem se pode subir ao terraço e ver a cidade de cima, mesmo do centro da Medina. Estivemos sempre sozinhos, não haviam mais estrangeiros e apenas vimos uns empregados pelo que também compensou por isso, termos este bocadinho de Fez só para nós durante uns minutos.
Medersa Bou Inania
Uma das principais atracções da Medina de Fez, é a Medersa Bou Inania. Uma Medersa é uma residência para os estudantes que antigamente serviam de casa para os jovens do campo que vinham estudar para Fez e que precisavam de um sitio para dormir enquanto frequentavam as aulas das mesquitas, que por vezes podiam durar 10 anos.
Esta Medersa ganha um valor especial devido aos seus pormenores arquitectónicos, em especial os entalhes feito na madeira e na pedra das paredes e a beleza do seu minarete.
Horario : 9-18h // Entrada : 20DH (2€)
Medersa Cherratine
A planta das Medersas é praticamente igual em todo o lado, são constituídas por um pátio central, ladeado por quartos e em alguns casos um local de oração. Em geral os edifícios são extremamente ornamentados e com inscrições do Islão espalhadas pelas paredes.
A Medersa de Cherratine, embora menos ornamentada que a de Bou Inania permite que o visitante suba aos andares superiores e vja os quartos onde dormiam os alunos antigamente.
Outra Medersa muito interessante que infelizmente não visitámos por estar em obras, é a El-Attarine (perto do Kairaouine Mosque)
Horario : 9-18h // Entrada : 20 DH ( 2€)
Zaouia Moulay Idriss II
O minarete central na fotografia abaixo faz parte do Zaouia Moulay Idriss II, um dos edifícios mais sagrados da cidade. Os não-muçulmanos não podem entrar mas é possível ver os portões, dar uma espreitadela se estiverem abertos e o minarete, o mais alto da medina.
No seu interior está o tumulo de Idriss II, que governou Marrocos de 807 a 828 e é considerado um dos fundadores da cidade. Era filho de Idriss I, descendente de Maomé é lembrado como ‘pai de Marrocos‘
Kairaouine Mosque/University
Este foi o sitio que tivemos mais pena de não podermos visitar, a mais antiga universidade do mundo al-Qarawiyyin.
A Universidade e a Mesquita ocupam um papel proeminente na vida religiosa e educacional do país, existe uma proverbio popular que diz que em Fez todas as estradas vão dar a Kairaouine, de maneira a exemplificar a importância deste sitio. Hoje em dia ainda são leccionadas várias matérias, sobretudo centradas no islamismo e em ciências legais.
Os não-muçulmanos não podem entrar, apenas podem observar o interior pela porta principal. A vista impressiona pelos detalhes dos arcos e dos portões. O interior deve ser muito bonito mesmo, mas não está ao nosso alcance.
Place Seffarine
Ao lado do Kairaouine Mosque, está a praça Seffarine, conhecida pelos trabalhadores de metal, que fazem o seu ofício no meio da rua. Na fotografia abaixo podem ver um senhor a trabalhar numa ‘taça’ com mais de 1 metro de largura.
A atmosfera deste local é peculiar, com o barulho das marteladas, o cheiro a queimado do fogo, as muitas pessoas a passar de um lado para o outro.. se juntarmos o chamamento para a oração, é uma experiência muito porreira .
Place R'cif
Perto da Place Seffarine está a Place R’Cif, uma das poucas praças na Medina onde é possível chegar de carro. A praça tem muitas pessoas a andar de um lado para o outro, sobretudo marroquinos, algumas bancas a vender produtos e uns restaurantes.
Gostámos deste sitio, sobretudo porque é um espaço aberto, o que sabe sempre bem depois de horas a andar em ruas estreitas. A mesquita R’cif encontra-se no canto da praça, com um dos minaretes mais altos da Medina e azulejos em cores de azul e verde a ornamentarem o edifício dão um toque muito especial a esta zona.
O Palácio Real
O palácio real de Fez (Dar al-Makhzen) é um dos mais sumptuosos do país, com portões extremamente ornamentados. Não se pode visitar o interior, pelo que admirar os grandes portões de Bronze é mesmo a única coisa que se pode fazer.
Quando o palácio foi construído, surgiu outra Medina, chamada Fes el Djedid ( Nova Fez). Para além do palácio real, esta zona da tem um Mellah (bairro judeu), construído no séc XIV e que em tempos acabou por representar uma defesa extra do sultão para com os seus súbitos muçulmanos a viver no interior da Medina.
Quando chegámos estavam uns senhores marroquinios a limpar as portas… com laranjas. O ácido do fruto deve ter algum efeito positivo na limpeza/manutenção.
Vista panoramica sobre a cidade antiga
A melhor vista para a Medina é no topo de um monte que ladeia a cidade e onde se encontram os túmulos Merenids (34°4′11.16″N 4°58′45.27″W). Daqui é possível ter uma vista panorâmica sobre o centro da cidade e perceber a real dimensão da Medina.
Os túmulos em si datam do século XIV e são referentes aos Merenids, uma dinastia que governou Marrocos entre os séculos XIII e XV.
Como chegar a Fez
Para quem for de carro e sair em Tanger, pode ir pelo interior de Marrocos, passando pelo Riff, Tétouan, Cheffchouan e por fim, Fez. São cerca de 320km (6h9, as estradas não são más mas têm muitas curvas, a zona pior são os 100km antes de Fez.
Quem alugar carro em Marraquexe por exemplo, tem duas opções, ou vai pela costa e ‘salta’ em parte as montanhas, ou vai pelo interior. O tempo é praticamente o mesmo, 7h (466km/566km).
Se forem de avião podem contar com ligações regulares da TAP e da Air Marrocos.
Onde ficar
Nós ficámos 2 noites em Fez, num Hostel/Pensão chamado ‘Pension Tala’. Não tirámos fotografias no interior mas era razoável ( a ir para o medíocre), mas tinha casa de banho privada e era mesmo numa das zonas mais centrais da Medina ( na rua Talâa Seghira, perto do portao Ba Boujourd), pelo que compensou. Pagámos 15€ por noite (o total para duas pessoas).
Existem outras opções obviamente, procurem no Airbnb/Booking e vejam a melhor opção para o vosso orçamento. Alguma dúvida vejam este artigo onde falamos um pouco de como compramos os nossos alojamentos.
Mapa da cidade
É fundamental ter um mapa da cidade, seja ele em formato físico ou digital. Nós tínhamos o que o nosso guia (livro) trazia, mas encontramos este na Internet que é muito bom mesmo, dá para ver o nome de praticamente todas as ruas, podem fazer o download aqui.
O GPS não funciona correctamente dentro da Medina, embora dê para nos orientarmos minimamente.
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